O empresário Ricardo Semler, no final década de 80, no século passado, lançou um livro que fez muito sucesso à época com o título "Virando a própria mesa!"

Quem pensa que esta história de estresse profissional é coisa recente, quem pensa que o Século XXI, por uma série de razões muda os planos profissionais após 20 anos de exercício de uma mesma profissão está enganado. Não é de hoje que com o passar dos tempos, que anos de exercício de uma função ou de uma profissão trazem consigo um sentimento que mistura cansaço, decepção e vontade de fazer algo que seja mais prazeroso.

Ainda que menos rentável.

Explico melhor: no ano passado participei de um grande evento promovido pelo Sebrae. Este evento era destinado basicamente a médicos e dentistas. A maioria deles tinha mais de 15 anos de formados e quase todos possuía um ótimo nível profissional, com muitos conhecimentos, com muitos pacientes, um nome respeitado e consequentemente com ótima remuneração. Mas todo este conjunto de fatores por si só não garante satisfação, não garante felicidade. Um grande percentual destes profissionais apresentava cansaço decorrente do exercício diário de suas atividades. E não é aquele simples cansaço que dias de férias resolvem. É um cansaço que leva a pessoa a querer mudar de profissão, a mudar de ramo. A fazer outra atividade profissional que às vezes é diametralmente oposta.

E este sentimento é mais comum do que se imagina. Acomete profissionais liberais, bancários, empresários, motoristas de ônibus, funcionários públicos, professores ...... enfim, todas as categorias estão sob o risco desta necessidade de mudança.

Porém esta fase coincide com a maturidade. Em geral isto ocorre quando se tem entre 40 e 50 anos, um nome estável no mercado e quando se tem família para criar. Então a vontade de mudar, então a necessidade de se fazer algo que seja mais prazeroso esbarra no medo. No medo de largar o certo e encarar o desconhecido; no medo de enfrentar tudo novamente quando já não se tem mais 20 anos; no medo de não conseguir o mesmo nível salarial da profissão ou função atual.

Muitos destes profissionais que passam por estas situações de questionamentos ficam aonde estão e vão até o final de suas jornadas aumentando suas mágoas e seus rancores. Aos poucos vão se tornando amargos e em muitos casos admitem para si doenças oriundas de insatisfações. Mas há aqueles que resolvem ser mais ousados. Que pedem as contas da empresa, ou que fecham ou vendem empresas com longa história de sucesso e resolvem fazer outra atividade laboral que seja mais lucrativa. Que dê mais lucro. Aqui não estou falando de dinheiro, estou falando de satisfação pessoal.

O lucro em questão é aquele que mistura a remuneração com a alegria de servir,  aquela sensação no final do dia que dá a certeza do dever cumprido. E bem cumprido!

Talvez, esta ousadia, esta coragem seja para poucos. Porque realmente não é fácil abrir mão do sucesso, abrir mão da segurança em prol daquilo que é novo, desconhecido e ainda não desbravado. Mas seguramente é mais prazeroso, mais saudável e mais inovador.

Você se encontra assim?

Está em situação semelhante? Pense, talvez seja a hora de você virar sua própria mesa!

Fulvio Ferreira - Comerciante, palestrante e consultor em comércio varejista. Conselheiro da CDL Uberaba. fulvioferreirapalestrante.blogspot.com

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