Segundo dados do Banco Central, as famílias brasileiras nunca estiveram tão endividadas nos últimos 10 anos como agora. Em maio, a proporção de pessoas com débitos chegou a 46,30%, o maior patamar desde janeiro de 2005.

De acordo com um estudo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a falta de planejamento financeiro é o grande causador das dívidas dos brasileiros. Quase metade dos consumidores entre inadimplentes e ex-inadimplentes ouvidos na pesquisa afirmam que a falta de organização no orçamento pessoal é a principal razão para não pagar as contas.

Além disso, leva-se em média dois anos para limpar o nome "sujo". Nesses casos, as dívidas geralmente estão espalhadas em quatro empresas diferentes e a maioria foi adquirida por meio de cartão de crédito e das lojas.

A seguir, confira dicas da educadora financeira Ana Paula Hornos de como colocar suas finanças em ordem:

Anote os seus gastos. Anote todas as receitas e despesas, fixas e variáveis, em um caderno ou em uma planilha no computador. Além disso, agrupe suas despesas em categorias de gastos como alimentação, vestuário, lazer, etc. "Dessa forma é possível acompanhar seus gastos, avaliar prioridades e possíveis reduções no mês a mês", explica Ana Paula.

Corte o limite do cheque especial e não tenha mais de 2 cartões de crédito. É comum as pessoas incorporarem o valor do cheque especial ao do salário. De acordo com a especialista, esse hábito pode levar ao descontrole financeiro. "Quem usa o limite do especial paga juros altos, o ideal é cortá-lo. Concentrar os gastos em um único cartão também só traz vantagens como isenção de anuidade, pontuação de programas fidelidade/milhagem, mais facilidade no controle dos gastos". Mas, a educadora ressalta que, apesar de o cartão trazer conveniência e segurança, ele pode ser muito perigoso para quem não consegue se controlar. "Ou seja, se você já possui dívidas, deixe o cartão de crédito em casa por um bom tempo", diz.

Renegocie dívidas. Se as contas saíram do controle e está difícil pagar o valor atual da dívida, negocie o quanto antes. Ao conversar com o credor é importante expor sua situação financeira e o quanto pode pagar. "Sugira alternativas que mostram que você está disposto a quitar a dívida, como diminuição de juros e aumento no número de parcelas". E sempre reflita com atenção se a nova mensalidade cabe no seu bolso. "Não adianta fazer um acordo, pagar uma ou duas parcelas, e depois voltar a ser inadimplente", alerta.

Troque dívidas caras por dívidas mais baratas. Quem possui dívidas caras em atraso e está pagando juros altos pode tentar uma renegociação com o banco, substituindo essas linhas de crédito por linhas mais baratas, como empréstimos pessoais e empréstimos consignados. Outra opção é fazer a portabilidade de uma dívida de um banco para outro sem custo, caso o novo banco ofereça condições mais vantajosas, tanto em termos de custo de manutenção de conta e tarifas quanto de juros e custo efetivo total da dívida. "Além disso, mantenha distância de empresas que prometem limpar seu nome sem quitar a dívida. Muitas vezes, os serviços não funcionam", recomenda.

Corte despesas em excesso e não compre por impulso. A educadora alerta que muitas pessoas costumam se controlar somente com os grandes gastos, esquecendo que as pequenas despesas diárias, que costumam passar despercebidas, podem ser os grandes vilões do orçamento. "Sempre é possível reduzir gastos com lazer e supermercado, por exemplo". Outra dica é refletir sobre o equilíbrio entre felicidade e consumo e a diferença entre necessidade e desejo. "Esteja firme na sua meta e não se deixe levar pelo lado emocional".

Estabeleça metas e planeje sonhos. Coloque no papel suas metas pessoais, profissionais e financeiras. "É muito mais fácil economizar quando temos metas bem claras, pois elas servem de bússola para nossas atitudes e decisões financeiras. Estabelecer metas e planejá-las são passos importantes em direção ao alcance de sonhos e ao sucesso na vida financeira", completa.

 Sobre Ana Paula Hornos

Ana Paula Hornos é empresária, educadora, coach, palestrante e autora. Há mais de 5 anos se dedica a projetos de educação, coaching e consultoria financeira pessoal e empresarial. É autora de material didático para educação financeira de crianças e adolescentes, O Bê a Bá do Dinheiro (Scortecci, 2014) e do livro infanto-juvenil Crise Financeira na Floresta (Scortecci, 2014).

 Fonte/Autor.: Isabella Abreu

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