Empresa de Uberlândia vai completar 60 anos com Sérgio Barroso na direção do Conselho de Família.
DIVULGAÇÃO |
Alair Martins (à direita) recebeu o troféu de honra ao mérito da Abad |
No auge de seus 79 anos e nas vésperas de sua empresa completar 60 anos de atividades, Alair Martins do Nascimento ainda tem uma meta: deixar o negócio estruturado e os filhos preparados para sua sucessão, de forma que a Martins Comércio e Serviços de Distribuição, com sede em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, se torne o primeiro atacadista centenário do país. Para tal, uma reestruturação foi realizada no ano passado, na qual o fundador continua com o controle acionário do Grupo Martins, assim como com o poder decisório, em caráter vitalício. Já a propriedade das suas ações foi transferida para seus três filhos, por meio da criação do Conselho de Família.
"Esse é um desejo que ainda falta realizar e que tem tudo para acontecer. E o modelo de governança corporativa foi adotado, justamente, para que esse projeto siga adiante sem deixar de lado a cultura e os valores familiares iniciados em 1953, quando da criação da empresa, em um armazém de 110 metros quadrados que se transformou e hoje contribui para o crescimento de vários negócios em todo o país", explica.
À frente do Conselho de Família está Sérgio Barroso, primeiro brasileiro a chegar à presidência da Cargill no país e ex-secretário de Estado extraordinário da Copa do Mundo (Secopa), cargo que ocupou até o ano passado. Conforme Alair Martins, o papel de Barroso, hoje vice-presidente das holdings financeira e comercial do grupo, é facilitar os trâmites estratégicos para o desempenho e desenvolvimento dos negócios daqui para frente. "Ele trabalha as emoções da família", resume.
Antes da criação do Conselho de Família, a empresa já atuava com conselhos de Administração no atacado distribuidor e no banco. Mesmo com o novo formato do negócio, as decisões estratégicas de cada um continuarão sendo tomadas pelos respectivos conselhos, que também contam com membros independentes.
Em 1990, o Grupo Martins se tornou o maior distribuidor-atacadista da América Latina. Atualmente é formado pelas empresas Martins, de atacado e distribuição, Rede Smart, Tribanco, Tribanco Seguros, Tricard, Universidade Martins do Varejo (UMV) e Instituto Alair Martins (Iamar). Somente a Martins Atacado tem 4,5 mil funcionários, 381 vendedores e 3,6 mil representantes comerciais, além de uma frota de 1,1 mil veículos e quase 400 mil clientes em todo o Brasil.
No Ranking Abad/Nielsen, da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, divulgado no início da semana, em São Paulo, a empresa se destacou, mais uma vez, com o melhor desempenho entre os atacadistas mineiros e o segundo melhor do país, ficando atrás somente da Profarma Distribuidora de Produtos Farmacêuticos S/A, na categoria distribuição e entrega. Além disso, na ocasião, Alair Martins recebeu o troféu de honra ao mérito "Aliança em Excelência", concedido pela entidade.
Considerando todos os segmentos de atuação, o Grupo Martins faturou R$ 3,812 bilhões no ano passado, resultado 11% superior ao de 2011 - R$ 3,434 bilhões. Sua atuação hoje se concentra na região Sudeste (39%) e o restante é bastante diluído no país. Já sua área de armazém já chega a 165 mil metros quadrados.
Estratégia - Para este ano, segundo o chief executive officer (CEO) do grupo, Walter Faria Júnior, é esperado um crescimento de, no mínimo, 13% sobre o resultado de 2012. A aposta de acordo com ele, se baseia na estratégia de atuação da empresa, que busca uma melhor produtividade baseada nas tendências de mercado, sem deixar de lado o que é bom para o cliente.
"Queremos prestar o melhor atendimento, sabendo que para cada tipo de negócio e região é preciso um atendimento específico, já que atendemos desde uma loja de materiais de construção, passando por farmácia, supermercado, até uma casa de produtos agropecuários, em todo o país", diz.
No que se refere aos possíveis obstáculos não só para este exercício, mas para o negócio como um todo, Faria Júnior cita a infraestrutura precária, a falta de mão de obra e o sistema tributário, entre outros. "As margens de lucro do comércio no Brasil são baixas, por isso temos que ser, acima de tudo, eficientes e buscar eficiência em tudo", justifica.
Os investimentos a serem realizados pela empresa, no entanto, poderão amenizar tais questões. Somente para neste ano, conforme o CEO, o grupo deverá investir cerca de R$ 20 milhões em novas tecnologias. Os recursos serão destinados à automatização dos sistemas, bem como à equipamentos e treinamentos para os profissionais do grupo.
MARA BIANCHETTI
Fonte: Jornal Diário do Comércio - Belo Horizonte