
Miguel Faria
Eleito presidente da nova diretoria da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) para o triênio 2013/2015, Miguel Haroldo Faria é o entrevistado de hoje (16) no Jornal da Manhã. Entre os anúncios do futuro dirigente para logo após a posse formal no dia 1° janeiro de 2013, está a eleição da Miss Comerciária e o compromisso de dar prosseguimento à obra da CDL Hall, um grande centro de convenções da entidade já em construção na Univerdecidade. Para isso, ele contará com Orlando Geraldo da Silva como vice.
No entanto, Miguel Faria não é novidade na diretoria da Câmara. Com experiência de 30 anos no comércio em Uberaba, ele já atuou como segundo vice-presidente na gestão de Fakher Azor Fakhouri (2007-2009) e primeiro vice na gestão do Fúlvio Ferreira (2010-2012). Começou como office boy aos 15 anos em uma empresa da cidade, onde passou por todos os departamentos e aos 20, abriu sua própria empresa que hoje tem 25 anos de mercado e conta com uma filial.
Colabora com a CDL há 16 anos, mas também foi presidente fundador da Associação de Autopeças de Uberaba e presidente fundador, em Minas Gerais, da Rede Âncora S/A Distribuidora de Autopeças, a maior rede de autopeças do Brasil, que hoje está presente em 17 estados do país. Na entrevista de hoje, Miguel Faria fala ainda sobre Água Viva e as expectativas para o crescimento do comércio em Uberaba.
Jornal da Manhã – Como membro da atual diretoria da CDL, que balanço o senhor faz da situação do comércio em Uberaba ao longo do ano de 2012?
Miguel Haroldo Faria – Estou na diretoria desde 1996, e fui vice-presidente tanto na gestão do Fakher quanto na do Fúlvio. Então, participei de vários eventos da CDL e digo que entidade nunca esteve em tão bons momentos como agora. A CDL cresceu muito enquanto entidade e fez um trabalho belíssimo com o lojista. Hoje, cerca de 90% dos nossos associados é micro e pequenos empresários que têm de três a cinco colaboradores em média e a CDL fez um trabalho bacana mobilizando-os a fim de melhorar a área de conhecimento. Aliás, o Ceteco (Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais) Uberaba foi criado para isso e fizemos inúmeros cursos para melhorar a parte do atendimento. Então, o Fúlvio está deixando um legado muito importante, eu pretendo continuar os trabalhos que foram implementados e com a nova diretoria fazer novos avanços na entidade.
JM – O senhor já tem planos de incrementar esses cursos voltados ao preparo dos lojistas em 2013?
Miguel Faria – Esse trabalho será fortalecido através de parcerias que estamos fazendo com outras instituições, uma delas é o Sebrae, entre outras empresas de fora que virão para Uberaba para dar treinamentos. Já foi confirmado que o Empretec do Sebrae será na CDL voltado para os empreendedores do comércio em Uberaba que queiram fazer uma reciclagem em seus empreendimentos. Uma das bandeiras que a CDL buscará trabalhar ano que vem é o CDL Hall. Um grande desafio de nossa diretoria é continuar esse projeto.
JM – Este ano, a CDL precisou se mobilizar para iniciar a obra ainda este ano para garantir a posse do terreno doado pela Prefeitura na Univerdecidade. Vai haver um trabalho para agilizar a obra em 2013?
Miguel Faria – Claro. Quando nós ganhamos aquela área tivemos dois anos para iniciar a obra, e nós o fizemos. Já fizemos a parte de terraplanagem, os projetos e a fundação que devem ser entregues agora no dia 31 de dezembro, ou seja, é a parte que o Fúlvio vai me deixar e que ninguém vê. E o meu objetivo, como presidente, é deixar aquela obra funcionando e já fazendo alguns eventos até o final de meu mandato. Vamos levantar, subir os mourões, cobrir e, Deus queira que até o fim do mandato estejamos fazendo eventos já na CDL Hall. Isto vai ser muito importante para Uberaba, haja vista que temos poucos locais para fazer eventos grandiosos. O centro de eventos que nós temos hoje é o do Jockey, só que ao lado será construído um novo condomínio e não será mais possível fazer shows. E a CDL vai ser um ponto de referência. É um centro de convenções para o comércio, mas que também será cedido para shows. Pois, outra bandeira que quero levantar é a de trazer o associado para conhecer a entidade. O empresário muitas vezes paga a mensalidade, mas não conhece a entidade que tem. Nós fizemos na última semana, um encontro dos novos diretores que irão assumir a casa e nós mostramos todos os departamentos, e a grande maioria não conhecia o que a entidade tem para beneficiá-los, por isso creio que o empresariado não conhece as ferramentas que a CDL tem para ajudar o comerciante no seu negócio.
JM – O senhor mencionou a parceria com o Sebrae, que atualmente tem um projeto, juntamente com a Faculdade de Ciências Econômicas, que visa descobrir porque tantas empresas fecham antes de completar um ano de funcionamento. O que a entidade tem feito para beneficiar quem já é empresário há mais tempo e os novos empresários?
Miguel Faria – Para se abrir uma empresa hoje é preciso ter um plano de negócios, que é o primeiro passo. Quando abri minha empresa há 25 anos foi de forma muito amadora e hoje temos que ser profissionais. O apoio que a CDL dá é instruir o empresário e seus colaboradores a dirigir a empresa com parcerias como a do Sebrae. Às vezes, a empresa fecha não porque o empresário falhou, mas porque em algum ponto, quando ele abriu sua empresa, ou o local não era adequado, os custos colocados não permitiram que ele trabalhasse bem, ou a equipe não possuía o perfil desejado. Hoje, quando sobra um dinheiro as pessoas já querem montar sua empresa, mas isso é coisa séria, pois a carga tributária é alta e se elas não fizerem um planejamento estratégico muito bem feito para cobrir os custos e ter lucros, às vezes é melhor ser colaborador do que ter o próprio negócio.
JM – Os comerciantes levaram novo susto este ano com a enchente da última quarta-feira (12). O projeto Água Viva já havia tomado cinco meses de vendas de muitos comerciantes do centro e apostava-se na expectativa do Natal, porém, houve lojas que perderam grande parte do estoque natalino. Qual é a posição da entidade em relação a isso?
Miguel Faria – Infelizmente, o projeto Água Viva não se finalizou, nós precisamos que o projeto seja terminado em todas as ruas para que depois de terminado tenhamos um resultado final. Porém, o volume das chuvas foi aquém do normal, haja vista que várias cidades e capitais também tiveram enchentes. Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e no próprio sul do país. Acredito que o projeto vai amenizar o problema, mas não vai resolver 100%. É preciso que estejamos preparados para eventuais chuvas. O que aconteceu é que, com o projeto Água Viva, muitos empresários e consumidores que colocavam carros no centro se resguardaram da preocupação e deixaram de ficar atentos a isso. O problema ainda acontece e devemos estar preparados. Armou chuva, tirem os carros e coloquem as proteções nas lojas. Com o Água Viva as pessoas pensaram que já estava resolvido, só que a obra não acabou e nós temos que nos resguardar, assim como fazíamos em anos anteriores, enquanto a obra não está pronta. E ainda há muita coisa a ser feita. A avenida Fidélis Reis e a Santos Dumont ainda não receberam obras, e são locais onde realmente chega muita água. Uberaba cada dia cresce mais e o ponto de escoamento é o centro, como a cidade continua crescendo aumenta também os pontos de escoamento. Precisamos do aval dos que são responsáveis pela obra para despreocuparmos. Basta ver a avenida Rondon Pacheco em Uberlândia que inundou novamente, sendo que gastaram uma fortuna e não resolveu 100%.
JM – Temos o Shopping Uberaba que continua crescendo. Este ano já foram lançados o Praça Shopping e o Uberaba Power Center, sendo que este último contará com 187 lojas. São núcleos comerciais que atraem muito mais o consumidor do que lojas espalhadas pelo centro da cidade. Existe algum plano de revitalizar o centro e promover atrativos ao consumidor?
Miguel Faria – Pleiteamos junto à Prefeitura Municipal uma secretaria para trabalhar em função do comércio de Uberaba, já que o município não tem uma secretaria específica para atender essa área para que comerciantes trabalhem pelo comércio de Uberaba. E uma das bandeiras logicamente é a revitalização do centro. Tentamos trabalhar essa questão em gestões anteriores, como a do prefeito Anderson Adauto e não conseguimos. Nós já fizemos alguns estudos e para trazer o consumidor para o centro da cidade tem que ter atrativo e temos que revitalizá-lo, em termos de fachadas, vitrines, iluminação e luzes de Natal. O poder público tem sua participação em nos auxiliar, mas o empresário tem que fazer a sua parte. Só para ilustrar, o calçadão está iluminado e ficou bonito, mas foi uma iniciativa dos comerciantes do calçadão. Cotizaram entre eles e fizeram a iluminação sozinhos, um deles inclusive é diretor da CDL.
JM – E já existem conversações ou algum entendimento a respeito dessa nova secretaria entre CDL e o prefeito eleito Paulo Piau?
Miguel Faria – Nós pleiteamos e já existe documento assinado por ele enquanto candidato, para que haja alguém ligado ao comércio para dirigir essa secretaria. Para termos um ponto de apoio ao comércio de Uberaba. E no caso da iluminação de Natal, por exemplo, voltamos à necessidade da secretaria. Hoje para se fazer qualquer evento tem que ter planejamento a longo prazo, pois não se prepara Natal em novembro para soltar em dezembro. Tem que ser feito um plano com antecedência e por isso precisamos do apoio da Prefeitura em parceria com a Cemig, por exemplo, para que o comerciante também faça a sua parte. Tudo isso para garantir um Natal festivo e que o espírito natalino realmente incorpore nas pessoas para que novamente tenham prazer em sair de suas casas para comprar em uma loja iluminada.
JM – Como anda a campanha de Natal deste ano, a venda de kits 2012 já supera a de anos anteriores?
Miguel Faria – Cada campanha traz uma novidade para o comerciante que adere e que consequentemente oferece um diferencial ao seu cliente. As empresa de Uberaba que aderiram à campanha deste ano estão dando um carro 0 km e isso incentiva o cliente a consumir, haja vista, que há consumidores de outras cidades vindo comprar em Uberaba. Prova disso foi o ganhador do carro no ano passado que não era de Uberaba, mas tinha vindo gastar na cidade e ganhou. A campanha de Natal serve para isso, estimular comerciantes que fazem parte dela e trazer investimentos novos de outras cidades. Profissionalizamos e intensificamos os brindes para fortalecer a campanha e consequentemente o comércio de Uberaba.
JM – Neste final de ano houve queda no índice de inadimplência, a que se deve isso e quais as expectativas para as vendas a partir de agora?
Miguel Faria – Tivemos um crescimento de 9% nos adimplentes, ou seja, pessoas que pagaram suas contas, em relação ao ano passado. Muitas pessoas aproveitaram a primeira parcela do 13º salário para sanear suas contas e agora a nossa perspectiva é de que haja um crescimento de 6% a 7% em relação ao ano passado em termos de faturamento das lojas.
JM – As pessoas vão aproveitar a segunda parcela para comprar?
Miguel Faria – Exatamente. A primeira parcela serviu para sanear as contas e a segunda será usada realmente para fazer as compras de Natal e trazer alegria às famílias, porque quem não gosta de ganhar presente?
JM – E o senhor acredita que esse problema causado pela enchente poderá prejudicar essa expectativa?
Miguel Faria – O problema foi pontual, ou seja, apenas na área central e na parte baixa de Uberaba, as demais regiões não foram afetadas e por isso esse crescimento irá perdurar. Até porque os horários de atendimento foram estendidos, sendo que na primeira fase as lojas ficavam abertas até as 19 horas e a partir desta semana será até as 22 horas. Esse horário estendido é que vai permitir que as pessoas comprem seus presentes com a segunda parcela. E esperamos que esse susto interfira pouco nos resultados dos comerciantes neste final do ano, principalmente aos lojistas do centro, que mais foram penalizados com a obra. Agora vamos ter que aumentar a criatividade e trabalhar mais para convidar o consumidor a gastar com eles.
JM – Quais os desafios para a nova diretoria empossada em janeiro?
Miguel Faria – A diretoria foi renovada. Cerca de 30% dessa equipe foi reformulada e são novos empresários vindo para a entidade com mais gás para enfrentar muitos desafios. Um deles é trazer os associados para mais perto da entidade, capacitar cada vez mais e prepará-los para o futuro de Uberaba. Os shoppings virão aguerridos para atender e devemos estar preparados para termos os shoppings de rua, com objetivo de incentivar mais as pessoas a comprar em locais próximos de sua residência. Uma coisa é atravessar a cidade para comprar um presente e outra, é estar próximo de casa comprando no vizinho que tem uma loja iluminada e climatizada, e que possui o que você precisa. Essa é a vantagem, promover atrativos para que as pessoas consumam perto de casa.
JM – Isso significa que há uma ideia de descentralizar esse comércio, saindo do centro e ocupar os bairros?
Miguel Faria – O centro tem que ser revitalizado e as lojas de bairro também, haja vista que o Sebrae tem um projeto para desenvolver esse comércio perene em vários pontos da cidade. A questão hoje é o tempo. Todo mundo trabalha, estuda e tem família. Portanto, se tiver um local, próximo de casa, com atrativos, onde possa consumir, todos serão beneficiados. Voltar àquela velha prática do comerciante de confiança, a fim de mantermos os investimentos em Uberaba, pois o comerciante tem condições de ampliar sua loja e movimentar as finanças na cidade. Voltando aos desafios, a nova diretoria tem ideia de implementar a Miss Comerciária Uberaba, algo que já é feito em outras cidades, incluindo lojas de bairro. A ideia é que uma bela funcionária seja Miss Uberaba e depois possa concorrer à Miss Comerciária Minas Gerais, e ainda há projetos para criar a Miss Comerciária Brasil também. Com isso promovemos as lojas de Uberaba, não só as grandes, mas as pequenas e micro-empresas.
Fonte: Site “Jornal da Manhã” – JM Online
Texto: Jornalista Thassiana Macedo
Foto: Jornalista Fernanda Borges