Audiência Pública recebe representantes de diversos setores para discussão sobre Segurança Pública no bairro Abadia. A CDL Uberaba esteve repressentada pelo diretor Comercial, Ângelo Crema 

Nesta quinta-feira (15) o Plenário da Câmara Municipal recebeu diversos representantes de setores da cidade, entre segurança e comércio, para discutirem em Audiência Pública sobre “Segurança dos comércios da Avenida Prudente de Moraes e entorno, bem como dos bairros Cartafina, Costa Teles e Vila Esperança”.

Paulo César Soares - China (SDD), vereador que solicitou a audiência, começou seu pronunciamento agradecendo aos vereadores e representantes políticos e de Segurança Pública pela presença e interesse em participar da reunião. Durante seu discurso, o vereador disparou várias críticas aos governantes brasileiros. “Em um momento em que o povo brasileiro pede por socorro, diante da falta de segurança, educação e saúde, o Governo Federal realiza uma Copa do Mundo, onde se investe dinheiro público para construção de estádios”.

Uma das principais queixas da população é com relação à falta de grandes investimentos em segurança pública, o que facilita a ação de criminosos. Estatística realizada nos três primeiros meses de 2014, e divulgada no Portal Minas em Números, aponta para um acréscimo nos índices de crimes violentos e crimes violentos contra o patrimônio em Minas Gerais. O principal aumento é no número de roubos, que cresceu 32% no primeiro trimestre de 2014, se comparado com o mesmo período de 2013.

Durante desabafos dos representantes sobre o tema, China disse ser saudoso do governo Figueiredo - presidente João Batista Figueiredo (último dos militares que ocuparam a presidência do Brasil no período iniciado com o movimento golpista de 64), fazendo uma referência ao alto índice de criminalidade existente hoje no Brasil. “Estou aqui hoje em defesa daqueles que acordam cedo para abrirem seu comércio e não sabem se voltam vivos pra casa. Estamos aqui para buscarmos ideias concretas.” Segundo o vereador, a Prudente de Moraes, um dos grandes centros comerciais da cidade, necessita de um policiamento mais ostensivo “e as câmeras de monitoramento do Projeto Olho Vivo deveriam ser instaladas em toda a extensão da avenida”. Em maio deste ano, foi inaugurado o Projeto Olho Vivo que contabiliza até 50% de diminuição de crimes violentos nas cidades que contam com o auxílio das câmeras. Foram instaladas mais de 50 câmeras de monitoramento em vários pontos de Uberaba.

Márcio Borges, representando a empresa Rádio Táxi-Ubertáxi, solicitou ao comandante do 4º Batalhão da PM, tenente-coronel Waldimir Soares Ferreira, a realização de um número maior de blitz e mais policiamento na avenida e nos bairros próximos, em todos os períodos do dia, para que os trabalhadores da área possam ter mais segurança no serviço. “Acontece muito assalto a taxistas e alguns bairros de Uberaba deixaram de ser atendidos por nós, devido à falta de segurança nesses locais”, justificou. O comandante frisou que a situação de segurança no país se tornou bem caótica. “Na década de 80, o índice de mortalidade decorrente de crimes no país era de 7,4% por 100 mil habitantes, segundo a ONU, e hoje temos um percentual de quase 35% - quatro vezes mais que no período da Ditadura”, explanou. Waldimir chamou a atenção dos presentes para a ausência de representantes do Ministério Público, Poder Judiciário, Polícia Federal e Polícia Civil no Plenário. E disse: “Segurança Pública não é PM, até mesmo porque intelectuais defendem que a polícia deve deixar de ser Militar, porque a culpa da insegurança pública se deve ao fato de as polícias serem militar”. De acordo com o comandante, isso é para simplesmente repartir responsabilidades, “ora se a insegurança se deve ao fato de sermos militares, então que aqueles outros órgãos mais competentes que nós estivessem presentes nessa audiência, para dar o parecer deles”. O policial ressaltou que a PM não gosta de dar voz de prisão, porque acredita que os homens têm que ter freios, e que deveria haver mecanismos sociais que o levassem a não cometer crimes. “Só depois de falhar todos esses mecanismos, a PM entraria em ação levando-o até o sistema prisional, que hoje tem 1200 presos na cadeia de Uberaba - em 2006, eram 280”, frisou. O comandante destacou que a média de prisão na cidade, por mês, é de 600 pessoas. “O embasamento de engrossar nossas leis no Congresso, colocar menor de idade na cadeia, é falácia. Não temos condições para se fazer isso. Deve-se investir na base, na formação, na família, no emprego e no desenvolvimento”. Waldimir disse que a PM está implementando várias medidas com metas que levam uma maior aproximação da polícia com vários setores. “Não é hora de apontar falhas naquilo que já temos. Hoje contamos com 50% do efetivo que tínhamos em 2007”. Ele ressaltou que só esse ano, a PM perdeu cerca de 25 policiais no 4º Batalhão, entre mortes, pedido para reserva, e homens que foram destacados para o projeto Olho Vivo. “É praticamente um pelotão”. “Hoje temos um número alarmante de assassinato de policiais, 72 por cada 100 mil habitantes. Se os senhores têm medo de saírem de casa e não voltar, nós, policiais, temos muito mais, porque a profissão é de risco”, colocou. O PM citou ainda dados sobre o sistema prisional brasileiro, “que conta com 550 mil presos que gastam aproximadamente R$ 2 mil por mês, e não atinge a finalidade que deveria, que é recuperação”. Segundo ele, a grande maioria dos criminosos se encontra num círculo vicioso, onde eles saem e entram no presídio por várias vezes. O comandante acredita que talvez seria mais viável para o governo, referindo-se aos custos gerados por preso ao Estado, de se criar uma Bolsa Prevenção Criminal, com o objetivo de fazer com que o cidadão não pratique crimes. O vereador Cléber Humberto Ramos (PROS) disse ter ficado entristecido com a realidade apresentada por Waldimir, no Plenário. “Temos que participar de uma forma mais efetiva para se tentar chegar a resultados positivos para os problemas de segurança”, destacou. Itamar da Silva Rodrigues Júnior, diretor geral da Penitenciária de Uberaba, enfatizou dizendo que não se consegue fazer a ressocialização dos presos por falta de investimentos. “Conseguimos fazer um trabalho de ressocialização com cerca de 300 presos, por isso o alto índice de reincidência”. Itamar sugestiona aos presentes em se investir nas questões sociais, de educação e da família. “Nossas leis são boas, mas, por falta de investimentos dos órgãos de segurança, não conseguimos executá-las da forma correta”.

O vereador Samir Cecílio deu como exemplo países que investiram maciçamente em educação, principalmente os países asiáticos, agora estão experimentando níveis de desenvolvimento extraordinários.

Angelo Crema, diretor comercial da Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberaba - CDL, diz ser testemunha do trabalho realizado pelo Comandante da PM em Uberaba, dando como exemplo a Base Comunitária que foi colocada na Praça Rui Barbosa. “Temos que dar apoio à PM e reconhecer o ato de bravura dos militares. A base tem dado segurança aos comerciantes e transeuntes no entorno da Praça, sem contar na proximidade da polícia com o cidadão. E isso passa uma sensação de segurança aos uberabenses.” Ângelo sugere aos vereadores, que estão empenhados em ajudar os comerciantes da Prudente de Moraes, buscar por Bases Comunitárias.

Denise Max (PR) lamentou a casa vazia, e China completou esclarecendo que seus assessores visitaram as lojas da Prudente de Moraes convidando os comerciantes para a audiência, e justificou a falta de interesse deles com a descrença diante da situação enfrentada pelo País. Denise complementou ressaltando que o povo está descrente com os políticos brasileiros. “Gostaria de ver um país com famílias estruturadas, com pais presentes e responsáveis e políticos sérios envolvidos com as questões relacionadas à educação”. O líder do Prefeito, Luiz Humberto Dutra (SDD), fez uma reflexão sobre o assunto dizendo que a segurança chegou a um ponto, “que chegamos a imaginar que está na falência”. Dutra disse que hoje a sociedade aceita com facilidade seus delinquentes. “Hoje se faz manifesto contra a morte de bandido pela PM”. Dutra ressaltou que algumas modificações na Legislação poderiam ser feitas, como conceder o mandado de busca e apreensão à autoridade policial, e também a prisão temporária. “O policial representa o Estado e devemos ter respeito para com o mesmo. Podemos aumentar o número de viaturas, efetivo, mas se não mudarmos nosso comportamento, nada irá resolver”. No final da audiência, Dutra pergunta aos representantes da segurança, o que é necessário, de imediato, para se buscar junto ao Governo do Estado? O parlamentar disse ter boa relação com políticos na esfera estadual. Mário Vilmar Júnior, subsecretário municipal de Trânsito e Transportes Especiais  e Proteção de Bens e Serviços Públicos, representando o prefeito Paulo Piau, disse que a Guarda Municipal irá contar com mais 120 homens, e que todas as considerações serão levadas ao prefeito.

Na ausência de João Gilberto Ripposati, que teve que se ausentar no decorrer da reunião, China finalizou a sessão frisando que a pauta de prioridades discutida na audiência será encaminhada aos órgãos competentes.

Fonte:  Departamento de Comunicação - Câmara Municipal de Uberaba

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