Especialistas falam sobre os novos rumos com a regulamentação pelo Banco CentraUm mercado complexo e dinâmico, que está passando por transformações. O futuro dos meios eletrônicos de pagamentos foi discutido neste sábado, 12, no Fórum Nacional do Comércio, com a presença de Antônio Castilho presidente da Elavon; Eduardo Chedid, vice-presidente da Cielo; Cassius Schymura da ABECS, Maximiliano Martinhão do Ministério das Comunicações e o deputado Pedro Eugenio, presidente Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa.
Os temas mais discutidos foram a cobrança de taxas por transações e o prazo de repasse do dinheiro para os lojistas. Muitos empresários ainda não entendem porque a adquirente, Cielo e Elavon, por exemplo, só repassam o valor pago via débito em conta após 30 dias.
O presidente da Elavon explicou que tecnologicamente é viável transferir o pagamento ao empresário em dois dias mas a regulamentação do setor é antiga, foi estabelecida na época de alta inflação. “Por esse motivo, se faz necessária uma nova regra”, mediou Roque Pelizzaro Júnior, presidente da CNDL.
Pelizzaro explicou que esta e outras mazelas estão sendo estudadas pelo Banco Central que trará um novo futuro para o setor. “A instituição do Banco Central como órgão regulador foi uma grande vitória do Movimento Lojista”. O deputado Pedro Eugenio já vem lutando para que além do prazo, entre em vigor também a transparência na transação, de modo que o consumidor saiba o percentual embutido em transações de crédito e débito, “afinal, é ele quem paga toda a conta.
Entenda a indústria
Vale ressaltar que a indústria de meios eletrônicos de pagamentos funciona em etapas. A primeira é o comércio, a segunda é a adquirente - proprietária da máquina, que assina o contrato com o varejista - depois as bandeiras, e ainda, a figura do emissor, ou seja, o banco que proporciona o cartão. Não existe uma figura única nesse jogo, são empresas diferentes com participações distintas.
No Brasil existem cinco players, os mais novos Elavon, Santander GetNet e Global Phoenix, Cielo, que tem o maior market share e Redecard. Cada um possui sistema de segurança divergente, todos eles porém normatizados pelas bandeiras, assim como o recebimento. “A bandeira dita o padrão e uma modelagem de negócios e custos de operação”, disse Roque Pelizzaro Júnior.
A quebra de exclusividade
O Movimento Lojista lutou durante vários anos pela quebra de exclusividade entre adquirentes. Em 2010, foi firmado um acordo entre Visa e Visanet (atual Cielo) concordando com o uso da máquina por outras bandeiras de cartão. Esse processo facilitou a entrada do Santander e da Redecard, trazendo mais competitividade e ofertas de serviços aos lojistas. A CNDL com o apoio do Sebrae fizeram grandes apelos para que esse acordo saísse do papel.
“É interessante notar que as adquirentes passaram a buscar mais relacionamento e oferecer benefícios, gerando competitividade. Houve então redução de custos para uso das maquinetas chegando a 50% e dependendo do nível de fidelidade do lojista a 100% de redução”, destacou Roque Pelizzaro, lembrando que até 2010 nem existiam propagandas voltadas para o varejo.
A regulamentação
Todos os setores com alto nível de concentração e dependência precisam ter um agente regulador para que evitar excessos, como é feito em Telecomunicações e Energia, por exemplo. Essa mudança vai auxiliar os comerciantes e a indústria como um todo. “O varejo está desejoso por esta mudança”, realçou o presidente da CNDL.
Pontos do destaque
- Antônio Castilho garantiu que a Elavon já pensa em benefícios e apoio administrativo para os empresários, bem como implantação de novos métodos de captura, transação mobile e e-commerce.
- Cassius Schymura da ABECS ressaltou que a associação representa todas as partes dessa indústria com a missão de consolidar o meio eletrônico de pagamentos como preferência para os consumidores, atuando entre representantes do Legistativo, Executivo e Judiciário. “Nosso papel é fazer com que se use cada vez mais os meios eletrônicos para diminuir o custo Brasil com emissão de notas”.
- Eduardo Chedid da Cielo acha que uma das grandes alavancas da economia são os meios eletrônicos de pagamentos. “A Cielo , a gente representa 28% do consumo nacional”. Ele disse ainda que o Brasil tem capacidade de dobrar os meios, criando um efeito multiplicador da aceitação dos meios, acesso a linhas de credito, segurança e organização. A empresa está em 5.500 municípios, em 99% do território nacional.
- O deputado Pedro Eugenio acredita que a cobrança por parte do adquirente deveria ser em valor fico mensal, como em outros países. Do contrário, que se abra os percentuais de cobrança, de modo que cada um saiba quanto estãá pagando pelo serviço, seja débito, crédito ou vale benefício. O Procon ainda não permite essa diferenciação. O que se configura uma injustiça com quem compra arroz e quem compra whisky utilizando cartão gold platinum. Os setores repassam para o consumidor e ele que escolhe o que fazer com seu dinheiro.
Fonte: Ascom CDL-DF Crédito: Cláudio Araújo