É comum se pensar que as intervenções educacionais dos gerentes, em especial nas avaliações de desempenho, devam concentrar-se fundamentalmente nas dimensões insuficientes da performance do colaborador.

As possibilidades de crescimento profissional e pessoal, no entanto, não se esgotam apenas minimizando a influência dos aspectos negativos. O reconhecimento pela chefia de que o subordinado alcançou padrões satisfatórios, até excelentes, de desempenho exerce função decisiva como estímulo ao desenvolvimento do subordinado. Também o reforço positivo, advindo da apresentação de fatos que justifiquem objetivamente o bom desempenho do subordinado, faz com que ele se sinta gratificado em sua auto-estima e aceitação pessoal.

O subordinado tem necessidade de saber o que o chefe pensa a seu respeito. O gerente deve explicar com clareza o que percebe e como aprecia o cumprimento das tarefas que lhe são atribuídas, especialmente a superação das expectativas de desempenho que foram definidas anteriormente entre ambos.

Mas isto não significa que o gerente deve acumular as críticas, positivas ou negativas, para serem apresentadas somente durante a entrevista de AD. As observações diárias devem ser discutidas na medida em que forem ocorrendo, estabelecendo-se, desta forma, as bases de uma interação franca e aberta entre chefes e subordinado.

A entrevista de avaliação de desempenho deve ser vista como uma oportunidade formal e periódica de análise acurada da atuação do subordinado. Na definição de expectativas, metas e padrões de desempenho, tanto o gerente/avaliador como o colaborador/avaliado fixam um contrato psicológico de compromissos e medidas específicas a serem adotadas, por ambos, no próximo período de avaliação.

A avaliação de desempenho não só representa uma responsabilidade da supervisão, como também é desejada pelo subordinado, quando fundamentada na melhoria do desempenho de ambos.

É especialmente relevante no caso de subordinados de desempenho satisfatório, que tendem a ter dificuldades em manter ou aprimorar ainda mais os seus padrões de resultados no trabalho por lassidão no uso da crítica ou por uma tendência natural à acomodação.

Avaliar colaboradores de desempenho satisfatório é uma das mais difíceis tarefas do gerente. É preciso transformar a avaliação numa efetiva oportunidade de aprendizagem recíproca em busca da excelência. O sucesso é doce e é exatamente a nata do leite que está por cima a que primeiro azeda.

Wagner Siqueira é membro da Academia Brasileira de Ciências da Administração, membro do Conselho Consultivo da FGV Empresa Junior. É filho de Belmiro Siqueira, patrono dos Administradores.

Gostou? Compartilhe nas redes sociais.