Por Lúcio Castellano

Os problemas enfrentados pelo comércio, principalmente na região central da cidade, foi o principal tema abordado durante a reunião desta quarta-feira (15), no Plenário da Câmara Municipal. A sessão contou com a participação do presidente da CDL Uberaba (Câmara de Dirigentes Lojistas) o empresário Fúlvio Ferreira, que foi convidado pelo vereador Fernando Mendes das Chagas (PTB).

Também estavam os diretores da CDL Renato Maciel e Orlando Geraldo da Silva, e os conselheiros (ex-presidentes) da entidade de classe Januário Marques de Oliveira, Daniel Fabre e Mário Vilmair Silvestre Pereiras assim como o vice-prefeito João Gilberto Ripposati, que realizava uma visita de cortesia ao Legislativo.

Fúlvio disse que a CDL vai completar 37 anos no dia 10 de junho, com a obrigação de cuidar da cidade e também dos comerciantes. Segundo ele, a entidade trabalha para que o comércio seja uma referência na região, especialmente as micro e pequenas empresas.

Para o empresário, um dos pilares do trabalho é o treinamento, pois entende a importância da informação, formação e reciclagem, destinadas a todos que trabalham na cadeia comercial, sejam empresários, funcionários, gerentes e gestores, assim como aqueles que pretendem empreender na cidade. A CDL oferece cursos aos associados.

O presidente destacou alguns assuntos importantes, entre eles a questão da acessibilidade. Ele lembrou que uma lei federal recentemente aprovada não leva em consideração algumas realidades, como a cidade de Ouro Preto, por exemplo, e até mesmo Uberaba, uma cidade tem quase 200 anos, onde existem muitos estabelecimentos instalados em prédios antigos e tombados, com prédios acima de 50 centímetros da calçada, onde é impossível fazer uma rampa,

Fúlvio apelou para o bom senso, pelo menos em nível municipal, e disse que a situação talvez possa ser resolvida através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), entre o Ministério Público e o Município, para que a rampa móvel seja aceita. Uma medida que, segundo ele, vai facilitar muito as vidas dos empresários.

Ainda de acordo com o representante da entidade, no final da última legislatura, por iniciativa do vereador Samuel Pereira (PR), foi aprovada a destinação de uma verba significativa para a iluminação de Natal.

“Isto faz bem não só para o comércio, mas para as famílias como um todo”, ressaltou, destacando a importância para o comércio de ter ruas e praças iluminadas. O presidente da CDL também pediu bom senso com relação aos feriados no Município, de forma que o comércio local não seja prejudicado.

O presidente Luiz Dutra (PMDB) defendeu a revitalização do comércio e a ampliação dos horários de atendimento, assim como outras atividades, que atraiam os consumidores, como fazem os shoppings.

“É preciso acompanhar a modernidade, caso contrário vão ficar para trás”, afirmou. Ele lembrou que muitas vezes jogam a culpa no BRT da avenida Leopoldino de Oliveira pelo fracasso no comércio, mas não existem linhas do sistema nas ruas Artur Machado, São Benedito e Tristão de Castro, onde muitas lojas estão fechando . Para Dutra, é preciso haver mudanças de comportamento por parte dos comerciantes.

Responsável pelo convite ao representante da CDL, o vereador Fernando Mendes (PTB) elogiou a esperança e o entusiasmo demonstrados por Fúlvio Ferreira, pela esperança de um futuro melhor. Segundo o parlamentar, que também é empresário, a partir de agora as micro e pequenas empresas têm mais um representante na Câmara.

O vereador Samuel Pereira (PR), que é presidente da Comissão de Micro e Pequenas Empresas da CMU, comentou que família sobrevive de renda e emprego, e que nos próximos quatro anos pretende estar ao lado dos comerciantes. Para Samuel, é preciso tratar com seriedade e responsabilidade a alteração nos horários do comércio.

O vereador lembrou que a discussão começou por causa da feira do Abadia aos domingos, assim como o próprio horário do comércio no bairro, que é diferenciado. “É preciso conversar com o sindicato da categoria, pois trabalhar duas horas a mais por dia que seja, vai significar um ganho a mais no salário no final do mês”, afirmou Samuel, defendendo que é preciso gerar mais empregos.

Já o vereador Edcarlo dos Santos Carneiro “Kaká Carneiro” (PR), entre outras coisas se preocupa com o fato de que os grandes centros comerciais estão “engolindo” os pequenos. Ele ainda mencionou a situação das ruas São Benedito, Tristão de Castro e Artur Machado, as quais contam com grande quantidade de portas fechadas.

“Só na Tristão já são mais de 35 lojas fechadas”, disse “Kaká”, que não se esqueceu da influência da crise econômica que atinge o País. Mesmo assim, ele defendeu que um dos pilares que pode ajudar a resolver a situação é a revitalização do centro da cidade. “Se isto acontecer, não tenho dúvidas de que a cidade se transformará em uma passarela de turismo, que vai gerar emprego e renda, sendo a base para a família”, concluiu “Kaká”.

O vereador Alan Carlos da Silva (PEN) pediu ao presidente da CDL que posteriormente seja divulgado quantas empresas foram abertas e fechadas na cidade, e o que a entidade, em parceria com o Poder Público, tem feito no sentido de haver um ajuste nesta proporção.

Para Alan Carlos o centro da cidade precisa de um estudo extremamente importante. Ele destacou que as obras do projeto Água Viva constituiu-se em uma intervenção necessária, assim como a implantação do sistema BRT, apesar dos problemas provocados. No caso dos ônibus, o vereador lembrou que o sistema foi inspirado na cidade de Curitiba pela gestão do ex-prefeito Anderson Adauto. Porém, segundo ele, projetos como esse podem ser importados de outras cidades sim, mas deve se levar em conta as características de cada município.

Ainda de acordo com Alan Carlos, é fácil perceber uma migração das atividades do centro da cidade para alguns bairros comerciais. Sobre a revitalização do centro da cidade, ele avaliou que continua sendo um grande desafio, e que é preciso ter uma atenção especial para o assunto neste novo mandato.

“As mudanças necessárias passam por uma reestruturação de governo, que precisa pensar nas adequações dos espaços físicos”, disse o parlamentar. Segundo Alan Carlos, é preciso pensar nas exceções, pois não é possível deixar de levar em conta as dificuldades de aplicar a acessibilidade em vários pontos comerciais do Município.

O vereador afirmou, ainda, que não adianta apenas pensar na questão do Natal, que é uma ação pontuada, sendo que é preciso uma ação conjunta e continuada. “O coração de Uberaba, guardada as devidas proporções, está na tradicionalidade do seu centro da cidade”, finalizou Alan Carlos.

O vereador Agnaldo Silva (PSD) disse que sabe do esforço da CDL em contribuir para o desenvolvimento econômico do município, mas ao mesmo tempo tem conhecimento de que o comércio das ruas do centro envelheceu por motivos diversos. Sobre o BRT, ele avaliou que a mobilidade urbana é importante para qualquer cidade, mas Uberaba não estava preparada para a mudança. Ele também demonstrou preocupação com as outras avenidas, para as quais o sistema está sendo levado, e como vai ficar o estacionamento nestes locais.

Além disso, segundo ele, é preciso levar movimento para a região central, pois é o que gira o comércio.

O vereador Antônio Ronaldo Amâncio de Souza “Ronaldo Amâncio” (PTB) pediu ao presidente da CDL que não se esqueça da Prudente de Morais, em tudo que forem fazer em prol do comércio. Ele avisou que aquela região precisa ter mais ônibus e ainda defendeu que talvez devessem pensar em um incentivo para quem possa desenvolver um pólo atacadista na cidade, talvez na área de confecção.

O vereador Almir Silva (PR) comentou que os comércios dos bairros já contam com um horário diferenciado para atendimento, como nas avenidas Prudente de Morais, Elias Cruvinel, e Hamid Mauad. “amid Ma

Quem quer comprar procura comodidade, preço e qualidade”, afirmou.

Com relação ao centro da cidade, Almir disse que é preciso evoluir, inclusive com relação ao BRT, pois não concorda que o sistema seja o único culpado, uma vez que lojas estão fechando em outros pontos, onde o sistema não funciona.

“Na minha opinião o comércio precisa evoluir, e a rua Artur Machado devia ser um shopping a céu aberto”, defendeu o parlamentar, acrescentando “não tenho dúvida de que a Prefeitura vai fazer a parte dela, mas os comerciantes também precisam fazer a deles”, argumentou Almir.

Para o vereador Franco Cartafina (PHS), todas as questões levantadas são importantes, mas ele abordou outro tema, que é a segurança no comércio. O vereador entende que a migração dos clientes para os grandes shoppings se deve principalmente a falta de segurança.

Segundo ele, é preciso aumentar o campo de visão, pois agora a cidade terá dois Batalhões da Polícia Militar e vai precisar de um efetivo maior. O parlamentar sabe que a segurança é dever do Estado, mas defendeu uma mobilização intensa com os deputados que representam a cidade, buscando algumas demandas nas esferas maiores e que não cabe ao Município resolver.

Única mulher na Casa, Denise Max (PR) destacou o comércio da avenida Hamid Mauad, onde os comerciantes também tem sofrido com a violência.  Ela lembrou que nesta quinta-feira a cidade vai receber 51 novas viaturas para a PM, sendo que no ano passado ouviu muitas reclamações de que o governo estadual manda viaturas, mas não faz a manutenção necessária, como uma simples troca de óleo ou mesmo fornecendo o combustível necessário, e com isso os veículos ficam sucateados. “Ninguém consegue nada sem segurança”, finalizou.

Último a se manifestar, o vereador Rubério dos Santos (PMDB) disse que é preciso saber vender o produto. “O Fúlvio está sempre falando da importância de a pessoa saber vender, de atender bem o cliente”, explicou.

O parlamentar falou que recentemente foi procurado por um comerciante da avenida Doutor Fidélis Reis, que está preocupado com esta situação do comércio na região central. Ele explicou que mesmo antes de ser eleito vinha acompanhando as discussões, inclusive a possibilidade de transformar a rua Artur Machado em um shopping a céu aberto, até mesmo com atrativos para funcionar durante a noite.

Para Rubério, é preciso evitar que os problemas cheguem a outros locais e espera que neste mandato o prefeito Paulo Piau consiga fazer alguma coisa. “Mas é preciso ter a união dos comerciantes, caso contrário não vai dar certo”, avaliou.

O presidente da CDL concordou com as manifestações dos vereadores, inclusive que todos precisam sair do lugar. Segundo ele, é preciso mudar da porta para dentro, com alterações de comportamento, para que as pessoas possam evoluir, assim como haver mais dinamismo , com a revitalização das áreas comerciais

“Da porta para fora também é preciso haver a intervenção do Poder Público, de forma responsável, seja com o BRT ou com a revitalização do centro, sem deixar os bairros de lado”, concluiu Fúlvio Ferreira.

Fonte: Jorn. Hedi Lamar Marques / Departamento de Comunicação CMU - Fotos: Rodrigo Garcia/CMU

 

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