O Procon Uberaba e a CDL Uberaba (Câmara de Dirigentes Lojistas) promoveram na noite desta segunda-feira (10), palestra sobre o tema “Gestão Financeira Pessoal”, dentro da programação de abertura da Semana do Consumidor e da Campanha de Recuperação de Crédito, respectivamente, para difundir a educação financeira e permitir consumidores inadimplentes renegociarem suas pendências financeiras.
No período de 10 a 21 de março, os comerciantes associados à entidade farão negociação diferenciada, com descontos e aplicação de juros em percentuais menores, para que o consumidor volte a ser adimplente no mercado. O palestrante foi o professor Marco Antônio Nogueira
Segundo ele, a questão dos recursos financeiros pessoais está diretamente relacionada com o aspecto cultural. Disse que o brasileiro, de modo específico, não gosta muito de planejamento, cede demais às tentações de consumo e acaba se endividando. “Hoje a dívida do brasileiro tira da renda dele 45%. É algo que dá para ele administrar? Se tiver um pouco de conhecimento e autodisciplina isso é possível. Gerir financeiramente uma casa, a si próprio, é algo que requer, sem dúvida alguma, muito empenho e muita dedicação”, expôs.
De acordo com Marco Antônio Nogueira, a ideia da palestra foi de deixar as pessoas com dúvidas, no sentido de que vão aprender um pouco mais e vão tentar gerenciar os seus recursos. E acentuou: “Um país que tem uma taxa de juros como a nossa e que o prazo de pagamento é curto, ter dívidas muito altas significa problemas pessoais e familiares e, no caso do comércio, redução das compras. A CDL e o Procon foram muito felizes nessa palestra, porque o consumo consciente é aquele que permite que os negócios cresçam e as pessoas consumam cada vez mais, sem se endividar excessivamente”.
O mais interessante para o brasileiro não é a questão da dívida, mas como gerenciá-la. No caso de dívidas saldáveis, por exemplo, compra de uma casa ou um estudo, isso é legal, desde que gerenciadas com sabedoria. Porém, o brasileiro por uma questão cultural, não é muito afeto a olhar a taxa de juros, focando muito mais o prazo que é aquela a parcela que cabe no bolso. Aí resulta o comprometimento familiar. “Se o brasileiro começar a pensar um pouco mais no consumo consciente que não leve a dívidas ou que não reduza o seu poder de compra no longo prazo, isso é muito bom. Mas insisto: a questão da gestão financeira pessoal é muito mais uma mudança cultural comportamental do que técnica”.
Perspectivas econômicas – Indagado sobre o que espera do quadro econômico para p exercício atual, Marco Antônio Nogueira foi taxativo: “Para 2014, um ano cheio de emoções. Não bastasse a Copa e as Eleições, em termos econômicos, as perspectivas não são boas. A economia não deve crescer muito. Nós corremos um sério risco de reduzir o nosso grau de investimento. A tendência do dólar é crescer e a taxa de juros também. Por essas variáveis, as pessoas vão ter que se conter nos seus impulsos de consumo e gerenciar melhor as suas dívidas. Porque teremos um ano, em termos macroeconômicos desafiador. Isso, se no pós-eleição não tivermos um tarifaço, com aumento substancial de tarifas de energia elétrica, telecomunicações e combustíveis. Então é um ano pra gente ficar esperto, principalmente quem tem dívidas”, diz.
Negociação facilitada - “Nós entendemos, juntamente com a CDL, que nesse momento, sobretudo de reflexão, em que se comemora o Dia Mundial do Consumidor, fosse importante facilitar às pessoas que tiverem problema de inadimplência que venha buscar solucionar essa situação, fazendo um parcelamento e obtendo um percentual de desconto muito bom”, disse a coordenadora do Procon, Eclair Gonçalves Gomes. Quanto a palestra oferecida, destacou que teve por função auxiliar as pessoas no sentido de fazer uma organização orçamentária, isto é, de trabalhar o seu orçamento, de forma a não ter problemas futuros.
A Campanha de Recuperação de Crédito é uma grande oportunidade para pessoas inadimplentes sanarem suas dívidas. As empresas estão preocupadas com o grau de endividamento. Como parceira do Procon Uberaba, a CDL mantém uma equipe de colaboradores junto ao órgão, com a finalidade de aproximar consumidores e comerciantes. “Quanto mais adimplentes tivermos no mercado, é bom para todos e todo mundo ganha”, disse o presidente da CDL, Miguel Faria. Ele projeta em torno de 10%, o volume de dívidas negociadas durante a campanha.